quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Todos já comeram a sua pizza em algum sábado à noite

Sábado, 22hrs. Dois meses sem fumar um toste. Não sou um drogado, trabalho, tenho vida, família, empenhos mesmo estando na meia idade. Sou menos drogado que o gordinho que vai todo dia comer carne gorda na churrascaria. Só estava a fim de viajar. Viajar na minha. Sozinho. Eu não precisava, mas queria. Merecia. Estava de folga, queria relaxar. Ou será que não temos direito a relaxar? Liguei para a tele-entrega, em meia hora estava com minha maconha entregue em casa. Na porta. Era boa, tinha um cheiro doce. Enquanto o gordinho pra comer a picanha deve ter pagado o que eu ganho em horas de trabalho, eu com alguns trocados tinha minha liberdade entregue em casa. Na comodidade do lar. E melhor. O gordinho não pode me julgar. Alguém que toma cerveja não pode julgar quem come carne gorda. Quem come carne gorda não pode julgar quem fuma cigarro. Quem fuma cigarros convencionais não pode julgar quem fuma maconha. Quem fuma maconha não pode julgar quem cheira cocaína. Quem cheira cocaína também não tem o direito de julgar o pobre gordinho... Sempre há alguém a frente e cada um paga o preço que acha justo por sua liberdade. E a minha custava apenas uns trocados e uns míseros neurônios. E o tráfico de drogas e seus males? Eu com isso! É um problema burocrático, econômico, social. Tenho nada a ver com isso. E não me importo. Liguei e pedi maconha como ligo e peço pizza. Pizzas que tem me feito mais mal que maconha. O que acham que aconteceria se proibissem as pizzas porque elas não pagam impostos? Haveria tráfico de pizzas, viciados, famílias sofreriam com entes queridos entregues na mão na pizza. Deus odiaria pizza. Pizza seria coisa do demônio. E obvio, assim como acontece nas drogas, a culpa seria da massa, do queijo, do tomate... É assim que é! As pessoas culpam a pobre planta.
Já são 12hrs. Minha maconha está acabando. Não matei ninguém. E aparentemente ninguém me matou. Estou com uma puta fome. Vou ligar e pedir uma pizza.

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