quarta-feira, 5 de outubro de 2011

"Mesmo o mais cético homem da razão deveria crer e curvar-se perante o magnífico e inexplicável milagre alcançado pelos religiosos; O bipedismo!"

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Meu melhor amigo lambe o próprio pau e fui salvo por Jesus

Meu melhor amigo lambe o próprio pau e fui salvo por Jesus
Que cansaço! E agora ainda me faltam algumas horas até chegar em casa. Novamente eu aqui, dentro da bosta de um ônibus cheio de gente que fala. O trabalho na construção civil não é fácil. É pesado, sujo e tranquilizante. Alem de tranquilizante há outro lado bom, solidão. Solidão é sinônimo de liberdade, e liberdade em meu dicionário é o mais próximo de felicidade. Bobagem... Trabalho com outros funcionários na obra. Outros muitos funcionários. Mas todos estão sozinhos. Até certo ponto há um companheirismo entre, mas companheirismo é diferente de amizade, amizade que é antônimo de solidão. Companheirismo são vários solitários se movendo em grupo, em um objetivo em comum. Amizade são varias pessoas diferentes, com pensamentos diferentes, ticos e bocetas diferentes tentando achar algo em comum, o que normalmente não acontece, e resulta em todos os tipos possíveis de atritos e intrigas. Estou com quarenta anos, provavelmente a poucos anos do fim e nunca tive um amigo. Não por falta de oportunidade. Ou por não gostarem de mim. Nunca tive um amigo porque nunca entendi que vantagem se tira de uma amizade. Pra que serve? Pelo pouco que entendo funciona como uma troca. Faço favores, te empresto dinheiro, me preocupo contigo, brigo contigo, choro contigo, rio contigo... E espero que quando a necessidade for minha faça o mesmo por mim. Estou certo? Isso é amizade? Ok, isso é amizade. Meu pensamento é simples; então por que trocar um produto pelo mesmo? É como trocar merda por bosta. Deixe comigo, me viro bem com meus próprios favores, dinheiro, preocupações, brigas, choros, risadas... Então fique com os seus.
Merda de ônibus. Ao menos dessa vez pude sentar bem ao fundo. Ter uma visão geral da merda. Entrei primeiro, algo bom, filas são irritantes. Porra! O primeiro passageiro a entrar é uma mulher com uma criança entre dois e três anos, não sei bem, não entendo nada de crianças, talvez tenha oito ou nove. Na verdade crianças e jovens são a segunda coisa que mais odeio no mundo, a primeira são os adultos, claro. Crianças choram, adultos falam e velhos reclamam, é fato. E em um ônibus sempre há uma boa porcentagem de cada. Essa merda cheia de gente nem arrancou e a criança de dois ou três ou oito ou nove anos já está chorando, uma velha já reclamando do calor (compartilho dessa reclamação) e dois de meia idade discutindo sobre o numero das poltronas. Entrar num ônibus e achar seu lugar é algo bem simples, natural e diria até sociável. Muito mais simples que achar uma parceira sexual a fins reprodutivos ou encontrar alimentos na natureza, por exemplo. Animais são sociáveis. Mas esses asnos não conseguem ser, ou fingir ser, o básico de uma sociedade, e eu que sou o misantropo?!
Uma coisa me chamou atenção. Uma mulher, de uns trinta e poucos ou cinqüenta anos, um nariz fino e longo, cabelos feios, pele feia, uma boca de fumante e uma expressão triste, de uma pessoa sofrida. Aparentemente mais uma operária da vida, uma figurante da vida real. Mas o que me chamou atenção, claro, não foi sua aparência física, mas sim o que fez ao entrar no ônibus da merda, o maldito sinal da cruz. Óbvio, cristã. Veio-me a mente uma reportagem que havia lido pouco antes, resumidamente; era sobre um grande pastor televangélico norte-americano que estava culpando uma comediante lésbica e atéia por conta de um furacão que devastou a cidade inteira onde essa tal comediante morava. O furacão seria algum tipo de castigo divino por sua prejulgada depravação e descrença. Porra, que merda de deus que ostenta sua onipotência mas não tem pontaria de acertar só a pobre mulher, precisava foder a cidade toda?
Comparei-me a lésbica. Eu, um pedreiro descrente ali desejando a morte de uma criança simplesmente porque ela não parava de chorar (haaa nem é tão horrível assim, deus mesmo mandou matar várias só por diversão) também merecia algum tipo de castigo divino. Eu seria a lésbica e o ônibus a cidade, talvez algum caminhoneiro dormindo na contra mão seria o nosso furacão. Mas e ai, ele mataria todos só pra me castigar? Incluindo a criança e a mulher cristã. Talvez o sinal da cruz que ela fez ao entrar no ônibus a protegeu, deus não poderia matá-la. E como ele é muito ruim de mira não iria arriscar me matar e acabar matando uma seguidora. E nos tempos modernos deus não mata criança. Que merda, a puta acabou salvando minha vida por implicação. Logo um dos piores subgêneros da humanidade, religiosos. Pessoas que acham que o ser humano é algo especial, têm a prepotência do dono do universo. Especial... Façam me rir.
Eu acharia a vida algo especial se a cada 100 partos só uma ou duas crianças sobrevivessem. Ai sim seria algo especial, mas nascer, crescer e viver me parece algo tão comum, tão sem graça. Nós somos sem graça. Somos feitos basicamente de água, num planeta tapado de água. Seriamos especiais se fossemos feitos de algo raro, mas água?! Somos tão complexos e especiais quanto uma duna que se forma no deserto. Mas esses bostas sempre acham um jeito de parecerem especiais, mas não vou lá, não vou agradecer! Salvou-me porque quis, eu não pedi, assim como não pedi pra Jesus sofrer na cruz por mim. Nunca teria mesmo um ídolo que se entrega ao invés de lutar. Só quero chegar em casa e dormir. Só isso.
Chegando em casa meu cachorro veio me receber. Taco era um bom cão. Recebia-me sempre com festa, quase morria em agonia por não saber falar e perguntar como fui de viagem, se satisfazia com pulos em minhas pernas já que não podia me abraçar. O sorriso na sua cara era notório, era bonito, transbordava alegria. Nunca emprestei dinheiro pra ele nem tive que consolar-lo quando estava mal por alguma decepção amorosa. Ele sempre matou sozinho no peito todas suas tristezas e só compartilhou comigo suas alegrias, mesmo estando ao meu lado nos momentos ruins. Passou fome, mas ao meu lado. Ele nunca teve grandes ambições e muito menos tentou mudar meus defeitos. Se eu quisesse poderia viver muito mais que esses 40 anos que já tenho, mas Taco não, um ser tão superior como o cão vive em média 10. 10 míseros anos, e todos dedicados ao seu dono ou a procurar um. Já viu um cão triste? Sim, é aquele de rua, sem dono, sem ter a quem se dedicar. Tenho certeza que Taco ficaria ao meu lado se eu tivesse que morar na rua, ficaria ao meu lado se me perdesse no deserto. Ele é livre, pode ir onde quiser, sei que é esperto, conseguiria comida fácil na rua, ele só tem 10 anos pra viver, mas não o faz. Mas e eu? Ficaria com Taco, aquele cão miscigenado e fedorento caso tivesse um carro importado ou um apartamento no centro de uma grande cidade? Eu deixaria de estar com uma mulher de beleza clichê pra fazer Taco explodir de alegria simplesmente fazendo cócegas em sua barriga pulguenta? Porra, que triste. Como pode alguém ser amigo incondicionalmente, por simples prazer próprio, por simples altruísmo?!
Especiais?! A humanidade?! Puta de merda! Não merece a vida que tem, todo o tempo jogado fora com suas besteiras, meu cão só tem 10 anos ou menos. Vejo tanto desperdício de vida no mundo todo. Tanta bondade que só fica na teoria, e quando passa pra pratica é feita por interesse, segundas e terceiras intenções. Há evidencias que provam que a humanidade já havia domesticado o cão 35 mil anos atrás, e aquela puta que me salvou acredita que o mundo só tem 6 mil anos! Ordinária, por isso os cães se mostram mais evoluídos e sociáveis que vocês! Os cães, seres bondosos, que merecem viver 80, 90, 100 anos...
Dediquei meus últimos momentos do dia, já noite, pra ficar ali, sentado na grama ao lado de Taco. Não precisei jogar uma bola de borracha pra Taco buscar, nem massagear sua barriga. Ele também ficou ali, sentado ao meu lado com um olhar distante, visando o horizonte que morria por de trás do asfalto. Logo ele levantou, saiu farejando algo no chão em direção ao fim da rua.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Have a nice day

Nunca acordo de mau humor, normalmente são os decorreres dos dias que me fazem ser assim. Mas naquele dia foi diferente. Acordei com o telefone celular chamando. Eram sete da manhã.
- Quem é?!
- Bom dia, com quem eu falo? - Uma fina voz feminina, era educada de mais pra ser algo de meu interesse. Ou alguém de meu interesse.
- Porra! Tu ligaste pra mim e não sabe?!
-Desculpe o incomodo senhor Daniel.
Desligou.
Puta. Acordou-me em vão. De qualquer forma era quase hora de ir trabalhar. Como sempre sem tomar café em casa. Gosto de passar no bar da esquina está sempre vazio e o café é ótimo. Peguei um jornal. Tinha nada de meu interesse. Nada tinha nada de meu interesse naquele dia. Pedi o café como sempre sem açúcar, enquanto fiquei debruçado sobre o balcão lendo as coisas que não me interessavam.
- Como anda a vida, Dani? – Perguntou a garçonete enquanto torcia um pano úmido.
Não respondi, não tenho saco pra responder. Só queria ler aquela merda de jornal, tomar um café e ir pra puta que pariu trabalhar. Mas ela insistiu;
- Dani, custa muito responder?
- O meu esforço em responder é maior que o teu em não perguntar.
Não era minha intenção, mas ela sorriu e continuou limpando o balcão.
Eu estava pra ter um péssimo dia. Não estava muito quente, mas tinha aquele irritante sol. Como se estivesse sorrindo o tempo todo. Sorrisos são irritantes. E eu sem óculos escuros era como um guerreiro sem elmo. Minha cabeça explodiria! Não era má idéia. Tomei meu café, deixei o jornal e fui em direção a meu trabalho. Muita gente caminhando nas calçadas. Que coisa horrível, pra que tantas? Todas falavam alguma coisa entre si. Algumas falavam sozinhas. Lembro que antigamente, quando jovem eu sofria muito entre as pessoas. Via-as passeando, pra lá e para cá. Achava um desperdício. Era algo triste, depressivo. Cada uma delas tinha algo a me ensinar, uma história pra me contar, um livro a me indicar, quem sabe até uma boceta pra dar. Eram como oportunidades que se iam e me deixavam com um sentimento de perda. Cada pessoa que passava era uma perda. Em algumas vezes ainda olhavam pra trás e sorriam. Mas agora não penso assim, muito pelo contrário. Não imaginava que o propósito da vida das pessoas era ligar às 7 da manhã ou perguntar como eu estava. Passo todos os dias por milhares de pessoas, nunca cruzei por nenhum Beethoven, Bukowski ou Nietzsche. Todas tinham em comum, incluindo os exemplos, nascido com duas pernas e dois braços. Mas por que diabos a maioria só servia pra me ligar às 7 da manhã ou perguntar como eu estava? Isso é tudo quem elas têm a me oferecer?! Que merda.
Eu não tinha esposa ou filhos. Esposa pra que? Estragaria minha suada solidão. Não é fácil, precisa de muito esforço pra conquistar tal liberdade, não iria dividi-la com qualquer uma. E filhos? Nunca entendi esse tal sonho de ter filhos. Por quê? Eu compraria um cavalo se precisasse cavalgar até algum lugar. Compraria um condicionador de ar se estivesse com calor. Mas por que eu precisaria de um filho? Que falta faz um filho? De qualquer maneira existem inúmeros motivos pra não se por um filho no mundo. É cruel. Por que fazer um inocente passar por tudo isso? É egoísmo querer dividir o mundo com uma criança. Um ainda inocente, que logo também se tornaria em um culpado. Estamos todos os dias fabricando mais culpados, e pra que? A maioria sai impune. Nós fizemos a merda, agora que agüentemos! E a meu ver já temos pessoas de mais. De muitas etnias. Prefiro me isentar ao máximo de culpa, não contribuir colocando mais uma. Será que só eu penso que existem pessoas de mais?! Há um equilíbrio entre sapos e cobras em um brejo, que depende também da quantidade de moscas e larvas. E nós, humanos? Temos equilíbrio com o que?!
Merda de gente distribuindo panfletos. Merda de gente que cita versículos da bíblia, mas nem ao menos sabe ler. Merda de vendedores gritando aos berros. Talvez ele venda óculos e salve minha vida. Não queria dever minha vida a um asno qualquer, mas não há outra maneira.
- Quanto custa os óculos escuros mais baratos?
- 12.
- Vou levar. Mas só tenho uma nota de 20, ou uma de 10.
- Não tenho troco, lhe faço dois por 20, feito?
- Sim, uso um na cara e outro em meus ovos. Se vende dois por 20, também pode vender um só por 10.
-Desculpe, chefia. Ai ficaria ruim pra mim.
- Então fia no teu rabo esta merda.
Porra. Só poderia ser uma pessoa. Se fosse um cavalo vendendo óculos eu teria feito negocio. Sabia que não poderia confiar a minha vida nas mãos de uma pessoa. E ainda faltava chegar num escritório cheio de gente. Pior, gente que fala. Merda! Ainda faltam 10 horas pra eu voltar pra casa e encher a cara de uísque. Se ao menos pudesse beber durante o dia...
Eu não sei por que bebo. Nunca achei bom o gosto de nenhuma bebida alcoólica. Eu preferiria comer chocolate. Trancado em casa enchendo o rabo de chocolate. Mas eu tinha que beber. Achava que beber poderia ser um bom atrativo enquanto eu esperava. Ninguém gosta de esperar. Mesmo que seja uma operação com risco de vida tu quer entrar logo na sala de cirurgia, ou então não ir ao medico consultar por medo de ter que esperar, com aquela tensão toda. Também sou assim. Odeio esperar e estou tenso. Mas ainda não sei pelo que espero, e não vou passar a vida lendo revistas sobre pescaria ou carros esportivos. Vou beber, sempre. Até algo acontecer. E como em qualquer tipo espera, quando não se tem um atrativo tudo passa mais devagar. Só passaram-se duas horas do meu dia e eu já tinha pensado varias vezes em morrer. Algo anormal. Só deve-se pensar em morrer uma ou duas vezes por dia. Só pra se manter vivo por algum motivo bobo, talvez vender óculos na rua ou compor a 9ª sinfonia.
Por que existem algumas poucas pessoas brilhantes enquanto a extrema maioria são de insignificantes?! E por que não o contrário? Passear todos os dias por ruas infestadas de pessoas brilhante, necessárias ao mundo. Assim eu me destacaria. E seria respeitado. Duvido muito que os brilhantes me ligariam às 7 da manhã.
Faltavam duas quadras pra chegar ao trabalho, era hora de encarnar o personagem. Ser um bom ator. Sempre fui. Avistei tudo fechado, sem a normal movimentação de sempre. Entrei no prédio. Só vi o porteiro. Fui até minha sala. Trancada. Ninguém. Paraíso. O que devo pensar? Que o dia até ali tinha sido uma pegadinha, agora era minha recompensa, passar o resto do dia só. Não... Sou muito cético e racional. Deus não existe.
Desci, ainda sem sair do personagem, e fui falar com o porteiro.
- Eiii, amigo. Alguém morreu?
- Infelizmente sim.
- Porra! Conta ai, o que houve?
- Lembra da Marlin? Que trabalhava nos serviços gerais, aparecia pouco. Guria muito reservada...
- Sim, claro que lembro. Era muito linda. – Pra falar a verdade muito mais que bonita, ela era a melhor pessoa do mundo. Nunca falou comigo ou me ligou. Tinha uma bela bunda e um rosto branco com grandes olhos castanhos.
-Pois é... Cometeu suicídio durante a madrugada. Mas antes esquartejou seu filho de quatro anos. Parece que deixou uma carta horrível tentando justificar o feito. Ai o chefe achou melhor não abrir o escritório hoje. Todos estão no velório.
- Porra cara, que baita merda! – Naquele momento realmente fiquei triste. O personagem se diluiu. Ela não merecia morrer. Estava mais pra uma pessoa brilhante que insignificante. Sempre no canto dela. Nunca falou comigo, o que melhor posso esperar de uma pessoa? Será que ela tinha algo a me ensinar? Puta merda, que desperdício.
- Pois é Dani... Só vou arrumar algumas coisas aqui e vou pra lá. E tu, o que faz aqui? Todos foram avisados sobre o acontecido. Ninguém te ligou avisando que hoje não haveria expediente?

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Que se foda o plástico protetor!

Eu penso bastante sobre a vida. Na verdade sobre a morte. Li no jornal que uma velha estava completando 115 anos, ainda lúcida gostava de tricotar e assistir filmes antigos. Por que alguém iria querer viver tanto? Pra que? A média de vida é bem menor. Será que ela tinha medo de morrer, talvez por isso vivesse tanto? Eu nunca tive medo de morrer, mas me cago de medo da morte, não de morrer. Grande merda um tiro na cabeça ou uma corda em volta do pescoço. Já tive dezenas de acidentes piores, fraturas, cortes, casamentos... Desde criança tenho medo da morte. A maioria das pessoas se divide entre duas opiniões sobre a morte; vida após a morte e reencarnação, ou escuridão total. Eu tenho medo da primeira, e acho que a velha também. Provavelmente a velha tenha mais medo, viveu mais, sofreu mais. Tenho nem metade da idade dela e meu maior medo é voltar e ter que viver tudo de novo. Por que alguém iria querer isso?!
Mas e a segunda opção, o que eu estou esperando? Simplesmente se desligar. Como tirar um eletrodoméstico da tomada. Um eletrodoméstico velho, que não mais será usado. Lembro de uma frase, não do autor, que dizia mais ou menos assim; “Antes de nascer passei bilhões e bilhões anos morto, e não me lembro de nenhum inconveniente”. Também tenho medo da segunda opção, um medo bem menor e menos desesperador que o medo da primeira, mas mesmo assim um medo. Desligar-me assim, sem mais nem menos. Eu não teria a oportunidade de me arrepender. Vivo unicamente pra poder me arrepender de coisas que fiz, não de coisas que deixei de fazer. Mas pelo fato de eu concordar com a segunda opção, e entende-la, por conseqüência me faz pensar diferente. Ela mexe comigo. Se a idéia é desativar a máquina, qual o problema em agora rodar no máximo? Sem medo de estragar, afinal, ela está para ser desativada. Qualquer coisa é lucro. Merda de pensamento que voa. Agora penso que usando a máquina tão intensamente e só conhecendo lados bons eu possa acabar gostando. Ai o medo seria ter que desligá-la. Talvez assim eu perdesse o medo da primeira opção. Talvez as pessoas que gostam da primeira opção pensem assim. Tem esperança de voltar e rodar no máximo. Acho que não... As pessoas que seguem a primeira opção não têm esse perfil. São chatas e desinteressantes, e eu desinteressado. Compram sofás e nunca tiram o plástico. Sentam com rabo no plástico mesmo em dias quentes. Tem medo de estragar algo que foi feito pra dar conforto ao cu. A que custo, tão esperando o que? Porra, eu não quero usar um plástico. Quero ter a chance de me deteriorar com o tempo! Fui feito pra estragar. Fui moldado assim.
115 anos. Pobre velha. Logo vai se transformar numa foto. Um porta-retrato ao lado de um sofá coberto com plástico. Não vai fazer falta nenhuma no mundo. Eu também não farei. Alguém talvez ao passar em frente ao meu porta-retrato irá lembrar-se de alguma palhaçada que fiz. De alguma aventura que vivemos juntos. Ou de alguma historia que contei. Talvez até de alguma cicatriz que lhe causei. Mas irá tranquilamente viver sem mim. Provavelmente viverá até melhor. Que merda, uma vida toda de esforço pra um resultado sem retorno! Não vou ganhar nada com tudo isso. Qual a graça começar algo sabendo do inevitável fim? Não há pra onde correr. Mas gosto da idéia de resolver tudo logo, sem esperar. Autonomia, iniciativa, domínio. Desligo quando quiser, e se quiser. Dentro dessa pequena margem, entre nascer e morrer é que estou. É o meu proveito, a chave do meu poder.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Todos já comeram a sua pizza em algum sábado à noite

Sábado, 22hrs. Dois meses sem fumar um toste. Não sou um drogado, trabalho, tenho vida, família, empenhos mesmo estando na meia idade. Sou menos drogado que o gordinho que vai todo dia comer carne gorda na churrascaria. Só estava a fim de viajar. Viajar na minha. Sozinho. Eu não precisava, mas queria. Merecia. Estava de folga, queria relaxar. Ou será que não temos direito a relaxar? Liguei para a tele-entrega, em meia hora estava com minha maconha entregue em casa. Na porta. Era boa, tinha um cheiro doce. Enquanto o gordinho pra comer a picanha deve ter pagado o que eu ganho em horas de trabalho, eu com alguns trocados tinha minha liberdade entregue em casa. Na comodidade do lar. E melhor. O gordinho não pode me julgar. Alguém que toma cerveja não pode julgar quem come carne gorda. Quem come carne gorda não pode julgar quem fuma cigarro. Quem fuma cigarros convencionais não pode julgar quem fuma maconha. Quem fuma maconha não pode julgar quem cheira cocaína. Quem cheira cocaína também não tem o direito de julgar o pobre gordinho... Sempre há alguém a frente e cada um paga o preço que acha justo por sua liberdade. E a minha custava apenas uns trocados e uns míseros neurônios. E o tráfico de drogas e seus males? Eu com isso! É um problema burocrático, econômico, social. Tenho nada a ver com isso. E não me importo. Liguei e pedi maconha como ligo e peço pizza. Pizzas que tem me feito mais mal que maconha. O que acham que aconteceria se proibissem as pizzas porque elas não pagam impostos? Haveria tráfico de pizzas, viciados, famílias sofreriam com entes queridos entregues na mão na pizza. Deus odiaria pizza. Pizza seria coisa do demônio. E obvio, assim como acontece nas drogas, a culpa seria da massa, do queijo, do tomate... É assim que é! As pessoas culpam a pobre planta.
Já são 12hrs. Minha maconha está acabando. Não matei ninguém. E aparentemente ninguém me matou. Estou com uma puta fome. Vou ligar e pedir uma pizza.

No desespero bati minha cabeça na parede

Todos me conhecem por Reubem, nome dum personagem da trilogia do Ocean’s Eleven que usava uns óculos com grossas armações pretas, além dos óculos dizem que tenho um sotaque parecido. Tenho 22 anos, e atualmente me recuperando de um acidente de carro. Minha perna direita ficou muito fodida, já consigo mal e porcamente andar com ajuda de uma muleta. Mas nada me deixou tão mal quanto a falta de sexo. Mesmo com essa cara e aparência de nerd sempre fui um garanhão. E sou. Depois que comecei nunca tinha ficado tanto tempo sem meter. Contando uma semana de hospital mais quatro dias em casa já são onze. Acredito que nenhuma mulher vai deixar de me dar por causa de uma perna torta... Desde que cheguei do hospital ainda não vi uma mulher. Lá era impossível ter uma ereção, quanto mais comer alguém. Eu realmente me acho um cara muito macho, exemplo de masculinidade. Mas a verdade é que estou explodindo! Preciso trepar, por pra fora! Mas o que posso fazer preso num apartamento com minha mãe? Nunca bateria punheta, sou macho de mais pra isso. De tão macho que sou penso que masturbação é o primeiro passo a homossexualidade. Explico minha paranóia... Sou extremamente macho, o meu pau é de um macho. Se eu usar minha mão pra acariciar meu pau e eu sentir algum prazer, se meu pau sentir prazer estaria dando prazer a um macho. Ao pau de um macho. Nada impede que esse mesmo prazer que causaria a meu pau, que é um pau de macho, também poderia ser causado a um terceiro, contando pau e mão. Potencialmente eu poderia dar prazer a outro macho, já que o experimento funcionou comigo. Eu me sentiria um gay em potencial. Assim como uma virgem não deixa de ser mulher. Ficaria pior do que estou agora. Não há alternativas, terei que dar uma volta na noite a procura de uma boceta.
Até pensei na idéia de chamar alguma amiguinha aqui pra me cu-i-dar, mas nem o diabo tira minha mãe do meu pé. Azar do Valdemar! Vou dar um jeito de sair depois que minha mãe desmaiar de sono. Ela tem um sono muito pesado. Mesmo assim não tinha como arriscar chamar uma perversa aqui no AP, muitos vizinhos atentos, sem contar minhas tias que estão sempre por aqui.  Felizmente era sexta feira, um dia muito propício ao crime. Não eram 23hrs, ela me trouxe os antibióticos e foi dormir. Agora era comigo, meu pau e minha perna torta. Que merda. Até agora não sei se não caiu a ficha ou minha perna realmente não tem valor comparado a quantidade de porra que tenho pra por pra fora. Botei uma roupa qualquer, uma calça bem larga pra tentar disfarçar a perna torta. Mas não resolveu o problema, eu continuava caminhando estilo “ta raso, ta fundo” e agora com um rebolado estranho. Que merda! Peguei o elevador, o prédio estava deserto. A primeira parte foi fácil. De taxi fui direto a um lugar conhecido. Mas que estranhamente no dia não havia conhecidos. Nenhuma conhecida. Talvez houvesse alguma grande festa que não fui convidado por conta de minha perna anzol. O bar tinha um clima escuro, fechado sem nenhuma janela, meus olhos estavam vermelhos de irritação da fumaça de cigarros.

Eu não fumava, mas bebia bastante. Já nem lembrava mais dos antibióticos que tinha tomado antes de sair de casa. Tanto faz. Só precisava de uma boceta e tinham algumas por ali. Aproximei-me de uma. Estava sozinha, bebendo algo forte. Sentada num canto ainda mais escuro. Fumava muito. Mas tinha um rosto muito bonito. Atraente. Parecia ser gordinha, tinha um papo grande. Seu pescoço era estranho. Mas mesmo assim tinha um rosto bonito, uma boca bem desenhada com um batom café. Logo estávamos trocando beijos. Sempre fui bom de conversa, só precisava de uma oportunidade e em 5 minutos qualquer mulher era minha. Perguntei a ela se havia algum lugar mais reservado. Ela me levou para trás do bar. Parecia conhecer bem o lugar, passamos por atrás da copa, passando pela cozinha. Sem falar com nenhum dos garçons, nenhum dos funcionários. Nem ao menos cumprimentou. Nem eles nos cumprimentaram. Achei estranho, não pude deixar de pensar que ela iria me cobrar alguma. Azar... Eu pago!

Atrás do bar era um beco, uma ruela que ligava a rua principal ao lado do bar a uma rua secundária. Ninguém passaria por ali, mas a alguns metros era possível ver as pessoas passando na rua. Conversas, risadas, música alta. O local era escuro e frio, com paredes pichadas. Mas havia um facho de luz que vinha de algum apartamento acima. Pude vê-la de corpo inteiro. Porra. Ela era feia de doer. Estranha. Fui injusto em meu primeiro julgamento, não era gorda. Só meio gorda. Ela só tinha uma barriga grande, e o papo no pescoço. Tirando o papo e a barriga caída ela era magra. As pernas muito finas, e agora ela parecia mais alta. Usava uma calça muito justa. Não tinha bunda. Nada! Era incrivelmente reta nas costas. E com os joelhos curvados a frente. Que merda, ela era um girino! Porra! Olha aonde vim parar. De mãos dadas com aquele ser, e aquele ser de mãos dadas comigo literalmente caminhando em direção a escuridão. Tenho certeza que ela deve no mínimo ter notado meu andar estranho. Minha perna estranha. Mas como eu ela deve ter pensado “não mexo com a perna dele e ele não mexe com minha barriga”. Fomos ali, no lugar mais escuro. Escorei-a contra a parede. Parecia que a parede havia sido feita pras suas costas retas. Encostou por completo na parede. Ela baixou só um pouco as calças. Não era o suficiente pra abrir as pernas, mas eu tinha um grande tico. A barriga dela estava atrapalhando. Estava difícil enfiar. Porra! Que mulher seca, muito frígida. Na hora me passou pela cabeça uma famosa frase entre os machões “o homem que chama uma mulher de frígida tem uma má língua”. Mas eu não iria por a boca ali, embaixo daquela barriga. Fiz mais força. Consegui. Era apertado e seco. Foi como enfiar o pau no buraco de um tijolo seis furos. Era horrível. E não estávamos num ângulo bom. Sua barriga me afastava um pouco e sua boceta era seca. Não consegui enfiar mais que um terço do pau. Fiquei ali, com movimentos limitados usando um terço do pau. A cabeça e um pouco mais. Mas enfim. Eu só precisava gozar. A mulher não fazia nada, só ficava ali. Parecia que estava se misturando a parede. Tanto faz, faltava pouco pra gozar. Estava me empolgando. Metendo mais rápido e forte aquele um terço de pau. Quase lá! Quase escapando. Segurando-a pela bunda consegui erguer-la um pouco contra a parede. Era agora! Eu iria gozar! Iria me sentir homem de novo! Estava mais forte e rápido. Quando na empolgação o meu um terço de pau escapa de sua boceta e entre suas penas se choca de cabeça contra a parede, de testa no muro. Com a força de quem já iria gozar! Naquele momento ela deu um urro de susto, como se fosse o pau dela. Mas não, era meu pau! Perdi a voz, mal conseguia gemer de dor. Era horrível. Ela ficou assustada e eu ali, abaixado com o pau na mão de cara pra sua boceta. Que dor! Era uma dor diferente, não como quando se bate com os ovos. Era horrível! Ali estava eu, macho suficiente pra achar que masturbação é coisa de veado, agora acocado gemendo com o pau na mão massageando tentado passar a dor, de cara pra boceta da mulher girino. Se alguém visse a cena o que iria imaginar?! Que eu estava batendo punheta e chupando a girino. Duas coisas que não pretendia fazer nunca!

Enquanto eu continuava massageando o pau fazendo caras e bocas mostrando a dor que sentia, ela já tentava puxar a calça sobre a caída barriga. A briga era feia. A cena toda era feia. Mas ela ainda estava mais assustada que eu. Disse que precisava entrar. E foi. Ainda puxando a calça dando pulinhos. Pelo menos não cobrou nada por minha cravada na parede. E como já estava com o pau na mão e pronto a gozar, por que não terminar? O que mais poderia dar errado? Meu orgulho de machão já era.
Eu devia ter usado camisinha, vai saber quem mais já se escorou naquela mesma parede...

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Meio fio

Estava chegando de viagem a uma cidade grande, descendo de uma passarela. Quando vejo uma movimentação estranha. Algumas poucas pessoas em volta de alguém sentado, cabeça baixa. Cheguei mais perto e vi sangue. Era um homem, de uns 45 anos de idade. Tinha sangue escorrendo do nariz e um pouco na testa. A rua era movimentada, passavam muitos carros e pedestres, mas pude notar que tinha sangue no asfalto. O que indicava que ele tinha sido atropelado. Mas o homem estava bem, não havia risco de morte e nem o porquê levá-lo a um hospital. Ele era só mais um mendigo atropelado por algum carrão. Na verdade as pessoas ao seu redor nem estavam dando importância, só queriam ver o que outras pessoas também estavam vendo. Era só um mendigo atropelado. Ele fedia muito. Não cheguei perto. Na verdade nem senti seu cheiro. A cidade toda fedia. Mas por sua aparência ele fedia muito, óbvio!
O que me chamou atenção foi seu semblante. Estava ali, sentado. Parado. Com as mãos na cabeça e um olhar triste, distante. Uma expressão de cansaço. O que me levou a pensar; antes de ser atropelado como estava seu rosto? Acredito que exatamente o mesmo de agora, porem, sem sangue. Ele já devia ter um rosto cansado. Olhos fundos e voz de bêbado. Por um minuto tive pena. Pena do mendigo, não de mim. Só se tem pena do que acha inferior. Ele era inferior a mim. Eu tenho uma casa com grama na frente, em um bom bairro. Eu tenho uma mulher e um filho por chegar. Tenho um cachorro que come ração. Tenho um emprego, acordo todo dia às 7 horas, pego meu carro e dirijo meia cidade até meu trabalho. Na hora do almoço como em algum fast-food, depois do trabalho volto pra casa pra assistir novela com minha esposa que passa o dia nos afazeres do lar. Isto claro, durante a semana. Domingo é dia de churrasco e alegria com os amigos. Nossa... Agora deu mais pena do mendigo atropelado. Ele não tem uma vida. Acorda todo dia bêbado em uma sarjeta diferente, usando o meio fio como travesseiro. Não tem comida todo dia, é como um animal que deve sair à procura, talvez encontre, talvez não. Vai depender de seu empenho ao procurá-la. Como na comida, mulher tem que ser procurada, caçada. Deve passar meses sem o calor de uma mulher. E provavelmente quando encontra uma, ela seja no mesmo tipo dele. Suja. Imunda. Também sem vida. Nunca vai saborear uma dessas que vemos na TV, loira com nariz empinado, bunda no lugar e siliconada. Tenho nojo só de imaginar que tipo de mulher ele deve pegar, bêbada, estranha, que definitivamente não se enquadra nessas da TV. E como eles fariam sexo? Imagine, nem ela sendo do mesmo nível dele teria coragem de chupá-lo. Se nem minha mulher me chupa, ela diz que tem nojinho. Às vezes ganho um boquete em troca de algum presentinho. Um colar, ou roupa. Ela me ama mais quando lhe dou presentes. Ela faz qualquer coisa pra aparecer pra suas amigas, até chupar meu pau. Mas e o mendigo? Como vai pagar por um boquete? Se bem que sua companheira não precisaria de um colar, talvez um gole de cachaça.
Cidade grande é uma merda. Ainda bem que estou só a trabalho. Só vim assinar uns papéis e logo pego o primeiro ônibus de volta a minha cidade, que é bem menor e sem mendigos. Assinar papéis, este é meu trabalho. Com o que o mendigo se ocupava durante o dia? Além de ser atropelado e dar pena as pessoas. Devem existir vários mendigos já atropelados nesta cidade. Mas com certeza devem existir muitos caras com uma vida legal igual a minha e que trabalham assinando papéis. Que merda! Não consigo parar de comparar a vida do mendigo com a minha.
Tudo resolvido era hora de voltar pra casa. Estava bem cansado, tinha assinado vários papeis. Como era perto da rodoviária e já tinha ido mesmo a pé, resolvi voltar caminhando. Mentira. Queria ver se o mendigo ainda estava lá. Mas não, já tinha ido. Ainda tinha um pouco de sangue e agora um carrinho hot-dog ao lado. O lugar fedia muito. Comprei minha passagem. Tive que esperar um tempo até o horário do ônibus. Onde o mendigo havia ido?  Não conseguia imaginar o que ele estava fazendo agora. Senti um tipo desespero ao pensar sobre isso. Eu sabia onde estava indo. Qualquer pessoa que me olhasse por 2 minutos deduziria que eu estava ali esperando a merda de um ônibus cheio de gente que também estava indo pra puta que pariu. Qualquer pessoa perceberia que eu tinha uma casa e uma esposa. Um cachorro que come ração. Mas e o mendigo? Onde foi?! O que foi fazer?! Acho que nem ele tinha planejado o que fazer, simplesmente foi fazer. E eu? Puta merda! Esse mendigo veado não pode ser mais livre que eu. Mas eu também não planejei vir aqui assinar um monte de papeis. Alguém planejou pra mim! Que merda de vida enlatada comprada na TV! Todos os dias se vendem vidas iguais as minhas, por que aquele bosta não junta dinheiro e compra uma vida igual a minha?!
Preciso imaginar um destino pro mendigo, pra tirar essa paranóia da cabeça. Hoje é quarta-feira, são 2 da tarde. Deve ser um dia comum pra ele. Mendigos sempre têm cachorro. Isso! Ele foi comprar ração pro seu cachorro. Não... Ele não deve ter dinheiro sobrando pra isso. Deve ter ido procurar algo pra comer. Mas seu cachorro foi junto. Por que diabos o cachorro ainda o segue se ele nem comida têm pra dar?! Será que meu cachorro só gosta de mim por causa da ração que lhe compro? Tenho certeza que o cachorro do mendigo era mais amigo dele, pura camaradagem. Os dois compartilham de uma vida sofrida. Um não ajuda ao outro. Simplesmente resistem lado a lado. Meu cachorro não faria o mesmo por mim. Ordinário, só quer comer minha ração!


Chegou meu ônibus. Poltrona 31, janela. Assim que pude entrei e me assentei. A lateral do ônibus estava virada pra o lado onde o mendigo estava, era alto e eu poderia ver mais longe. Enquanto os passageiros embarcavam fiquei ali, procurando o mendigo. Na esperança de ver ele mal de alguma forma. Merda de pessoas irritantes. Pessoas velhas são irritantes. Entram no ônibus com a passagem na mão e olhando poltrona por poltrona pra no final sentar na numero 41. Que diabo! Não passou pela cabeça em ir direto ao fundo do ônibus?! O numero era a 42. Quase acertei! Mas precisava verificar o numero de cada poltrona até o fim do ônibus? E pior, ainda conferida cada vez o bilhete. Como se esquecesse cada vez que levantava a cabeça pra ler os números do assento. Velha idiota. Enfim ela sentou-se e os outros passageiros puderam sentam em seus lugares. Mas ela não parou por ai. Começou a tagarelar sem parar. Por que os velhos com o tempo perdem o olfato, a audição, a visão, mas não perdem a fala?! A velha desgraçada não calava a boca. Assuntos sem nexo. Por que falar sobre as cortinas das janelas? Que merda! Será que o mendigo se importaria se as cortinas combinavam com as poltronas? Claro que não, o idiota agora deve estar conversando com seu cachorro. E pior, ele responde. Então o mendigo ri. E o cachorro faz alguns truques, parecem mímicas. Os palhaços devem estar debochando de mim, de minha vida que segue a manada. Essa manada idiota que corre toda junta para o precipício, e me arrasta. O mendigo também está indo para o precipício, não há como fugir. Mas ele está indo por conta própria, sem pressa, sem medo. Afinal, o que tem ele a perder? Eu tenho muito a perder, e ele muito a ganhar. Merda, ele vai acabar me ganhando.
Estava escuro quando cheguei. Ainda tinha grama em frente a casa, igual quando sai. Igual a casa do vizinho. Meu cachorro sanguessuga estava dormindo. Minha mulher estava deitada assistindo algo na TV. Mas tinha deixado minha comida pronta, era só esquentar. Não tomei banho, e fui deitar com ela.
-Amor, me amaria se eu fosse um mendigo?
-Claro que sim, prometi estar contigo na riqueza ou na pobreza, lembra?
-Mas e se tivesse me conhecido já mendigo, seria capaz de me amar?
-Bem... Não sei, é difícil responder.
Uma mulher falava sem parar na TV, tenho quase certeza que era a mesma velha do ônibus, ou no mínimo o mesmo assunto. Com a cabeça já descansando sobre o macio travesseiro ainda pensei um tempo sobre o mendigo e toda essa afronta que cometera contra mim. Com sua indômita liberdade, tripudiando sobre minha vida, meus sonhos. Já nem sei se esses sonhos eram meus, nem se nasci com eles, nem o porquê devia correr atrás deles. Só sei que precisava realizá-los, se não... Mas de momento eu só precisava relaxar.
- Amor, já ia esquecendo, lhe trouxe um presente da viagem.


segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Megalomaníaco com baixa auto-estima

Acredito que tenha sido lá pelos oito ou nove anos de idade que eu tenha percebido e assumido que meu pau era realmente pequeno. Concluí com base na comparação com o pau de outros meninos. Impossível não comparar no banheiro da escola, mijando pelas ruas, ou simplesmente comparando pau a pau com a gurizada. O meu era menor, era fato. Os guris da mesma idade já riam e colocavam apelidos, além da infeliz coincidência de meu sobrenome ser Pinto, ficou Pintinho... Carlos Joel Pinto, vulgo Pintinho. Mas não me importava com a zombaria em si, e sim com o fato de não ter um grande pau. Não ligava pra status, aparência e muito menos pro pau dos outros. Só queria ter um pau grande, comprido e cabeçudo, que eu pudesse me masturbar de mão cheia! Ele era curto como um coice de porco e grosso como um dedão destroncado, era bem engraçado. Acho que certa vez um amigo tentou ser solidário, disse que talvez eu tivesse um lado bom, uma vantagem sobre os outros com paus médios e grandes. Que talvez existisse algum tipo de público feminino que prefira ticos do estilo do meu. E era esse público que eu deveria procurar quando adulto. Talvez mulher que tenha vontade de tentar algo novo, mas tem medo de cara cavalo. Pensei bastante sobre o que falou. Acho que esse meu amigo devia também ter um pau pequeno pra já ter essa teoria pronta. Mas hoje não deve usar muito seu membro, a última notícia que tive sobre ele é que estava preso por assalto. Seu rabo agora deve ser maior que o pau.
Eu estava completando 17 anos, idade que dizem os mais velhos, o pau pára de crescer. Já estava sem esperanças. Meu tico ainda era um salsichão com cabeça. Não era mais virgem, já tinha transado uma ou duas vezes com uma namoradinha. Ela era uma crente fervorosa, mesmo assim acabou cedendo, mesmo que com certos limites. Nunca a vi nua, nem seus seios. Sexo só papai-mamãe no escuro e embaixo dos edredons. Era numa época quente, puta merda, como suamos. Mas logo terminamos o namoro, eu muito revoltado e ela muito recatada. Ela queria me converter, e eu já não tinha mais saco pra essas frescuras de amigos imaginários, e sempre que tinha oportunidade culpava seu deus por meu pau ser tão curtinho.
-E o tal design inteligente, onde fica?!
-No meu boneco de barro por que economizou argila e não me fez com uma baita vara?!
Talvez em alguma vida passada eu tenha cometido alguma blasfêmia usando meu pinto, talvez me masturbasse com uma imagem religiosa, sei lá... Então com 18 anos, sem esperança de um aumento peniano, resolvi usar a tática dita pelo meu amigo de infância; procurar mulheres que gostem de paus curtos. Mas como? No fim de minha adolescência eu era um cara alto, até um pouco forte. Nem de longe aparentava ter um pau pequeno. Nunca me importei com a opinião dos outros sobre meu pau, na verdade nem minha ex-namorada tinha reclamado, também acho que ela nunca conheceu outro antes de mim. Mas nem por isso sairia com uma camiseta com os dizeres “pau de 12 cm, mas que compensa em circunferência”.  Enfim, eu queria ter um pau maior! Não mulheres que gostem de paus menores. Nem tenho idéia de como seja o perfil de uma mulher de goste de pau pequeno.
Numa feira, num fim de semana qualquer conheci, por intermédio de amigos meus, uma guria. Chamava-se Jéssica Adriana. A primeira vista ela era estranha, muito colona. Vestia-se diferente de suas amigas. Uma meia rosa sob uma sandália colorida. Calça jeans quase na altura do umbigo. Uma camisa de flanela quadriculada preto e cinza. Não usava nenhum tipo de pulseira, colares, brincos ou bijuterias. Notava-se que era uma guria da zona rural. Mas fisicamente me chamou atenção. Tinha 16 anos. Era um pouco magra, mas tinha uma bunda grande em relação a seu corpo, que era bem desenhado. Seios discretos, menores que a média das outras gurias. Sua pele era muito branca, mas com o pescoço bem bronzeado, logo deduzi que ela trabalhava no campo, talvez ajudando seus pais na lavoura. Seu cabelo claro e mal cuidado, repartido em dois com uma trança sobre cada ombro. Ela tinha um rosto bonito, bem desenhado, e olhos claros.
Em seu rosto uma coisa chamava muita atenção, que talvez, além dos seios, fosse o motivo de ser a mais envergonha e menos solta do grupo de amigas, era seu dente canino superior direito. Era muito torto pra fora da boca, quando ela sorria o dente saltava pra fora da boca. Mesmo de boca fechada o dente fazia uma saliência em seu lábio. Mas ela era legal. Logo ficamos e ela se perdeu das amigas, que eram aparentemente gurias da cidade, mais descoladas. Jéssica sorria muito pouco, mas acho que me achava engraçado. Meu pai sempre disse que o caminho mais fácil pra abrir as pernas de uma mulher é primeiro a fazer abrir um grande sorriso, e talvez fosse verdade. Ela ria de minhas piadas, estávamos bebendo alguma coisa, acho que cerveja. Ela estava mais solta, até sorria com seu grande dente fora da boca. Mas mesmo assim nunca me convenceu, parecia uma guria triste, insatisfeita com algo. Seus olhos não mentiam, ela era triste. De qualquer forma no momento estávamos alegres. Ela era inteligente, diferente da maioria das roceiras, diferente até de suas amigas patricinhas. Ela também já não era mais virgem, ao menos na pratica. Não foi ela quem me contou, simplesmente deduzi. Em minha cabeça até recriei uma cena, em algum curral na fazendo, meio sem entender, pega por algum peão ou guri da fazendo ao lado... algo assim. Já era tarde, estávamos ali pela feira não só nos beijando, mas conversamos bastante. Acompanhei-a até a parada de ônibus. Era final de semana, e em cidade pequena os ônibus só passam de hora em hora, ainda mais no caso dela, que morava na zona rural. Era uma parada movimentada, mas ao lado tinha uma entrada de garagem, ficamos ali nos agarrando. Estava ficando mais quente. Já a segurava pela bunda, que era muito macia e redonda. Ela realmente tinha uma bunda muito bonita. Tentei acariciar seus seios, ela se fechou! Parecia medo, ou raiva, sei lá... O fato foi que ela não gostou mesmo, chegou a quebrar o clima. Logo começamos de novo, nem cheguei perto de seus seios, continue com a boa bunda. Ela estava gostando. Eu estava gostando. Acredito que até algum curioso que estava na parada espiando também estava gostando, tive a impressão que todos que ali esperavam os ônibus se calaram. Mas continuamos. Puxei um pouco mais pra dentro da garagem, era escuro, melhor. Assim talvez não visse meu tico-salsichão. Ela enfiou a mão dentro de minha calça e agarrou meu pau. Ela tinha uma mão pequena em relação a seu tamanho, e estranhamente era delicada e bem cuidada, mesmo pra uma roceira. Meu pau ficou gigante dentro daqueles dedinhos miúdos, ela não conseguiu fechar a mão em volta do tronco. Naquele momento me senti como meu maior ídolo de infância, o grande Long Dong Silver!  Mesmo com ela ali parada sem saber o que fazer, segurando meu salsi... Quero dizer, tico. Ela nunca tinha feito sexo, só alguém a tinha comido, era inexperiente. Até ensaiou alguns movimentos, mas não me importava se ela sabia o que estava fazendo, eu tinha o maior tico do mundo! Pensei em mandar ela me chupar, mas sei lá... Aquele dente, acho que iria me machucar, era como imaginar um osso no salsichão. Melhor não. Continuamos. Enquanto nos beijávamos ela continuava com aquela pequena mão segurando meu tico e eu já tinha abaixado sua justa calça jeans até metade da bunda. Enfiei a mão em sua calcinha, ela estava muito molhada. Ela gemia bastante enquanto nos beijávamos. Levantei uma de suas pernas com uma mão, e com a outra, com o dedo ainda úmido de sua lubrificação vaginal, enfiei lentamente em seu apertadinho cu. Era muito apertado, tive que fazer bastante força e mesmo assim só entrou um pouco. Com a outra mão ela ajudou e abriu sua bunda. Sua macia bunda. Seu gemido havia mudado. Até sua expressão mudou. Ela estava gostando. Gemia de dor, mas estava gostando. –Puta! Ela sorriu, e dessa vez um sorriso verdadeiro, estava alegre. Seu olhar sorria. Acho que até seu dente osso sorria de alguma forma. Soltou meu pau  e tirou minha mão de sua bunda. Disse pra parar. Mas sorrindo. Aquele “pare” que só as mulheres conseguem fazer parecer nitidamente um “continue”. Com uma carinha de quero mais ela disse que estava incomodando um pouco. -Puta! Ela sorriu novamente. Ela não era puta, era uma guria legal, e gurias legais sabem serem putas na hora certa. Não parecia mais tão inexperiente. Também não mais parecia ser triste. Nem eu! Novamente eu tinha o maior tico do mundo. Sim, o maior tico do mundo!
Sempre tive um raciocínio muito rápido, deus, ou Darwin, não meu deu uma grande vara, mas um grande cérebro. Meu pau era, sem dúvidas, maior que meu dedo indicador. Ela não agüentou nem metade de meu dedo. Por implicação, ela não agüentaria meu pau. Aquele cuzinho róseo não suportaria o meu pau, o maior do mundo! Não vi seu cuzinho, mas tenho certeza que era róseo. Na verdade nunca vi um cu pessoalmente. Minha ex-namorada crente nunca iria dar o seu pra mim. Nem mostrar. Como nunca a comi de quatro ou a chupei nem ao menos vi. Também acho que nem o veria. Ela era cabeluda, não podia cortar os cabelos nem se depilar por conta de regras de sua religião. Se ficasse de quatro provavelmente seus mal cuidados cabelos da cabeça se entrelaçariam com os do cu. Mas a Jéssica não. Ela teria me dado... Mas já era tarde. Trocamos mais alguns beijos, nos recompomos e fomos pra baixo da parada. Trocamos telefones. Logo seu ônibus chegou. Ela se foi e fiquei ali com o pau explodindo de duro. Mas feliz, eu tinha o maior pau do mundo. Nunca mais a vi, não consegui ligar. Também não corri atrás. Pra que? Eu ainda tinha o maior pau do mundo.
Anos depois vi uma foto dela com seu agora noivo na coluna social do jornal. Ele era um cara boa pinta. Mas com algo errado no olhar. Um sorriso cheio de si. Talvez ele também tivesse um pau grande. Não como o meu, que é o maior do mundo! Talvez ele fosse o segundo maior. E ela estava linda. Com a pele bem cuidada. Cabelos bem cuidados. Seu corpo estava muito belo dentro de um lindo vestido azul, aparentemente caro. Agora tinha um belo sorriso. Arrumou seu dente cavernoso. Estava linda. Agora qualquer homem acharia a Jéssica linda. Eu também. Mas não tão linda de quando tirei o dedo de seu rabo rosa. Ela ainda tinha aquele olhar fundo. Estava sorrindo, mas sem dúvidas, estava muito mais triste que quando a conheci, ou quando tentei tocar em seus pequenos seios. Será que ela quando criança comparava os seios com suas amigas?